Quinta-feira, 3 de Janeiro de 2008
Pois é, há uns três meses que não mostro a minha perplexividade. Mas vou-lhes contar porquê; deixei de ficar perplexo com o que acontece, para passar a ficar... a palavra inglesa é "sedated"... ou seja, adormecido, dormente, desinteressado. E porquê? Vocês sabem, ou não leriam este blogue. As coisas acontecem a um ritmo, e com uma desfaçatês (desfaçatez?) tal, que nem há como tentar explicá-las. A minha vida anda por outros interesses - arte, culinária, sei lá - interesses esses que não vejo apropriado partilhar aqui. Não porque queira preservar a minha privacidade (que quero) mas porque ela não poderá interessar a outras pessoas. Então, no que toca ao público, aquilo que podemos discutir, perplexar juntos, o que se pode dizer? Nada que não tenha sido dito em toda a parte, sem quaisquer consequências.
Querem que fale da situação no Paquistão? Já se disse tudo o que poderia ser dito. As consequências a longo prazo, aterradoras, do que acontece no Paquistão, já toda a gente imagina quais sejam. Para não falar no Afeganistão. O que está a acontecer por aquelas partes vai ter conseguências na Europa, não tarda muito. Talvez não para nós, mas certamente para os nossos filhos.
Querem que fale da situação no BCP? Bem, sobre isso posso dizer uma coisa que não vi em parte nenhuma, e portanto acrescentar algum valor ao interminável debate (ou à interminavel debacle) sobre o maior e melhor banco portuga. É o seguinte: fala-se da tomada do BCP pelo Partido Socialista - o que é verdade e, com certeza, deprimente. Fala-se de como um Vara consegue chegar, sem méritos aparentes, ao tacho maravilhoso de vice-presidente duma instituição que lhe dará incalculávais mordomias. Mas ninguém diz que o BCP, controlado pela Opus Dei, está prestes a passar para o controle da Maçonaria. Sociedade secreta por sociedade secreta, sempre é melhor os tipos do esquadro e compasso do que os do silício. Ou tanto faz?
Do que mais querem que fale, que possa fazer alguma diferença ou, pelo menos fazer rir? Está tudo dito. E de nada vale dizer.
Enfim, não comecemos o ano neste clima de tanto faz. Ano novo, novas aventuras. Aproveitem, se podem aproveitar, enquanto podem. Eu, estou a sobreviver ao século XXI... Great!