Segunda-feira, 24 de Janeiro de 2011

Se fôssemos mil portugueses...

Se fôssemos só mil eleitores, nas eleições Presidenciais de domingo:

533 ficaram em casa;

467 foram votar; desses

20 votaram em branco;

(menos de um anulou o voto, um valor sem significado);

portanto 553 (abstenções mais brancos) disseram NÃO aos políticos que nos governam;

a esses podemos somar os 21 que disseram que não há regeneração possível para esses políticos (os votos em Coelho, de protesto gritante);

aos 573 (ab.+br.+co.) podemos acrescentar os que disseram que não gostam dos políticos mas acham que a regeneração é possível: 67 votos em Nobre.

Portanto, em mil portugueses, há 640 que estão descrentes, ou chateados, ou furiosos com os grupos de influência (para não dizer gangues) que se instalaram no poder.

Em 1000 portugueses, só 360 acreditam no establishment político actual. (Establishment são pessoas instaladas nas estruturas e não as estruturas propriamente ditas.)

Aliás estes resultados já podiam ser previstos num estudo plubicado pouco antes das eleições pelo Projecto Farol, um think tank independente. De acordo com o estudo do Projecto Farol, 94 por cento dos portugueses dizem não confiar na classe política, 90 por cento nos Governos, 89 por cento nos partidos e 84 por cento na Assembleia da República. Cerca de 70 por cento revela também não ter confiança nos tribunais, na administração pública ou nos sindicatos.

Quase metade dos inquiridos afirma ter pouco interesse na política nacional (43 por cento) e na política local (48 por cento).

 

Os políticos fazem a leitura que lhes agrada das eleições; Cavaco, Nobre, Lopes e Coelho acham que ganharam. Só Alegre e Defensor reconheceram a derrota. Mas os próceres ou porta-voz dos partidos – Sócrates, Relvas, etc – todos consideraram que tinham ganho.

Mas a verdade, que não lhes convém ver (e que seria óptimo para nós que vissem), é que todos perderam. Cavaco foi eleito por 246 portugueses em cada mil - 24 por cento!

O problema não é o sistema; a democracia ainda é a melhor forma de Governo a que se chegou (nas civilizações conhecidas) e o nosso sistema, expresso na Constituição, é competente e tem os difíceis controles e equilíbrios que a melhor prática democrática recomenda.

Não, não é o sistema.

São as pessoas.

É precisamente o triunfo do bem-estar proporcionado pela democracia que esvaziou as ideologias. Sem ideologias para defender, os políticos dedicam-se à única ideologia que faz sentido para eles: ganhar dinheiro. É também esse vácuo ideológico que leva os 950 dos mil portugueses a ir para os shoppings em dia de greve geral, em vez de ir para a rua gritar pelos seus direitos.

Ficam de fora os 50 que militam na esquerda verdadeira (BE+PCP). Esses têm ideologia, mas infelizmente é uma ideologia que deu as piores provas práticas e não se adequa com as oportunidades dadas pelo sistema capitalista – oportunidades que nem todos conseguem ou sabem aproveitar, mas que todos querem ter como opção.

 

Conclusões? Tirem as que quiserem, mas os números falam por si.

publicado por Perplexo às 22:47
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