Faço minhas as palavras do ilustre Zé d’Almeida, tal como eu alfacinha convicto:
“E já agora a propósito disto das férias, e das férias em Agosto, e de Lisboa, e dos alfacinhas, dos alfacinhas a sério, dos que como eu vivem em Lisboa por convicção e dos que como eu nasceram em Lisboa (por convicção?), ou dos que adoptaram Lisboa também por convicção, é bom dizer que o verdadeiro alfacinha é aquele que nunca tira férias em Agosto, a não ser que não possa. A não ser que tenha de ser.”
“É que Agosto é mesmo o melhor mês para se viver em Lisboa. Por mim, podia ser sempre Agosto em Lisboa, que eu não me importava nada. Via-me livre de vez e para sempre dos numerosos grupos indígenas dos arredores, que invadem e abarrotam e aterrorizam a cidade todos os dias úteis, porque se piravam perpetuamente para onde eles muito bem quisessem, e Lisboa deixava de ter problemas de trânsito, de transportes, de estacionamento, de poluição, de excesso de pessoas, de filas, de má-vontade, de má educação, enfim, de quase todos os males.”
Só acrescento que, conforme me disse o falecido João Soares, o verdadeiro alfacinha é aquele que nasceu em Lisboa e os pais também nasceram em Lisboa (o que elimina os parvenus). Se tívessemos uma gestão camarária como deve de ser, em Agosto fechavam-se as estradas que vêem do Algarve e nunca mais se deixavam os tipos voltarem: “Foste ao mar, perdeste o lugar”. E a cidade ficava para sempre limpa, fresca e agradável, com os passeios para os peões, sem gás carbónico e sem má disposição. E depois a gestão camarária também se podia ir embora.