"Obama é mais uma manobra dos E.U.A." afirma um grafitti em frente ao shopping das Amoreiras, rabiscado por alguém que não acredita que alguma vez possa sair algo de bom do país mais omnipresente do planeta.
Poderá ser.
Conforme a cor política e a situação geográfica, a eleição de Barack Hussein Obama para e presidência dos Estados Unidos representa coisas muito diferentes. A lista é extensa e vai desde a capacidade fantástica deste país tão recente e tão poderoso para se regenerar, até à perfídia mutante do imperialismo mais predador. As análises políticas tudo permitem e, de uma maneira ou de outra, todas terão alguma pertinência. Só o futuro poderá esclarecer o que representa esta eleição, que mudanças trará.
Mas a chegada de Obama ao lugar que todos, amigos e inimigos, consideram como o de "homem mais poderoso do mundo", é muito mais do que isso.
Mestiço num país racista, nascido pobre numa família disfuncional e numa região sem qualquer importância política, passou a infância aos trambulhões entre países distantes, sem apoios familiares, cunhas ou quaisquer vantagens sociais. Como ele mesmo gosta de salientar, a sua história é das mais improváveis.
Obama é prova de que todas as possibilidades são possíveis para cada pessoa que nasce.
E depois, até onde se sabe (e a sua vida foi prescrutada ao milímetro) não subiu à custa do golpe, da manipulação e do chicoespertismo. Fez uma carreira honesta, com preserverança e optimismo, utilizando apenas a sua inteligência e tirando partido de um carisma extraordinário.
Obama é a prova de uma pessoa não precisa ser vil nem passar por cima dos outros para vencer na vida.
Por isso é que a eleição de Obama é tão positiva. Faz-nos sentir melhores como espécie e dá-nos mais esperança nas nossas possibilidades. Num mundo à deriva, cínico e egoísta, suicida e assassino, as nossas melhores qualidades ainda conseguem vir à tona. Hoje, todos nos sentimos melhores.
O resto... o resto é política.
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