As novas leis do trabalho são a primeira alteração radical da orientação política seguida desde 1975 e mudam substancialmente as relações patrão/empregado com que a grande maioria da população viveu até hoje. Mesmo a pequena parte, já envelhecida e em desaparecimento, que conheceu as relações pré-Revolução, nunca viu uma indemnização por despedimento tão baixa como a que entra em vigor para os novos contratos.
Não será surpreendente o que a esquerda e a direita estão a dizer. Hoje, na AR, sucedem-se os discursos inflamados a festejar ou lamentar o acordo. Nem vale a pena estar aqui a repetir comentários que já se conhecem. O que gostaríamos de analisar é o paradigma seguido pelo PCB e, mais recentemente, pelo BE, de que não vale a pena negociar com a direita, concretizado nas negociações de ontem pela saída da CGTP.
A UGT preferiu assinar e João Proença justificou-o como sendo um mal menor; se não houvesse acordo a situação dos trabalhadores ficaria pior. Anteriormente, os dois partidos votaram contra o Orçamento de Estado e, meses antes, recusaram-se a negociar com a troika os pormenores do programa de resgate que veio condicionar esse mesmo orçamento.
Considerando o que é melhor para quem trabalha, a grande pergunta estratégica é: consegue-se mais negociando, ou não negociando?
De um ponto de vista mediático e retórico, não negociar é mais fácil de defender: não transigimos com os tubarões do capital, não transigimos com um Governo de direita. Os direitos dos trabalhadores não são negociáveis.
Mas a questão não pode ser colocada desta maneira.
Tudo é negociável, e é negociando que conseguimos fazer valer alguns dos nossos pontos de vista, sobretudo quando não temos força para os impor.
Em termos práticos: as propostas PCP/BE não podem vingar porque o PCP/BE não têm força para as impor – nem na AR nem na rua. (Estamos a juntá-los aqui só para simplificar o raciocínio; é impossível, o que ainda lhes tira mais força.)
Então, uma vez que SGTP não pode impedir que as novas Leis do Trabalho sejam instituídas, teria mais vantagem em negociar para ganhar algumas vantagens. Não negociando, fica numa nobre posição, mas não obtem um cêntimo de vantagem para os trabalhadores.
Vejamos, por exemplo, o caso dos despedimentos. A legislação portuguesa é muito mais restritiva do que a dos outros países europeus. Em termos competitivos é uma desvantagem para a nossa economia. Em termos históricos corresponde a uma realidade que não existe: a economia marxista do pleno emprego. O despedimento fácil é uma má característica do capitalismo, mas é no capitalismo que vivemos. Mais ainda: é no capitalismo que a grande maioria de nós quer viver e está disposta a suportar esse mal, a troco de outras vantagens do sistema. Portanto, o que a esquerda deveria não era recusar em bloco uma situação que não pode impedir, mas negociar um despedimento menos punitivo. Como não negociou, o resultado foi que a direita impôs o despedimento que quis. Agora vai para a rua; pode ir para a rua à vontade, que não servirá de nada.
O que falta à esquerda não é razão, é pragmatismo.
Estou cansado de ouvir falar, na necessidade de desregulamentar, flexibilizar a legislação laboral,baixar salários, como forma de obter competitividade. Primeiro é necessário distinguir produtividade e competitividade. Na produtividade, falamos em ter, mais produtos com os mesmos recursos; seja a matéria–prima, a energia o numero de trabalhadores. Na competitividade, falamos na inovação, marca do produto, qualidade, marketing,distribuição, mercado(nichos), concorrência, qualificação trabalhadores, prazos entrega, preço. Feita esta destrinça, começamos a ver que a competitividade, passa mais pela responsabilidade/competência/ gestão da entidade patronal, que do simples desempenho/execução da função do trabalhador, a quem querem culpabilizar,a falta de competitividade, retirando-lhe o salário e direitos.
Infelizmente esta é a direcção, que o mundo laboral tomou, pois quem quis a globalização, foram as multinacionais,movidas com o apoio das politicas neo-liberais. Hoje na EUROPA quando se fala em competitividade, deve-se ler, prática de baixos salários, aumento do trabalho em regime de escravidão, para competir com economias, tipo China, India e outros países vizinhos.As novas regras imperialistas das multinacionais, do funcionamento do mercado global, quer obrigar a um dumping social , nos países onde havia alguma dignidade laboral.É um atroz ataque do capital ao trabalho, como nunca se tinha visto, num total desequilibro de forças. Em nome da crise,os governos atropelam, violam a Constituição, e as Leis laborais. A competição é desenfreada, até na própria China, já há empresas que se deslocalizam, para países vizinhos( Cambodja, Vietnam, Bangladesh) onde conseguem pagar ainda menos salários!Lutei durante anos, através da concertação social, para adquirir direitos laborais.Já fui sindicalista de base, e de direcção. Se fizesse o que este senhor fez, seria linchado pelos colegas, quando voltasse ao meu local de trabalho. Eng. João Proença, peça ainda hoje a sua exoneração/demissão( depois de ouvir tantas criticas internas e externas)! Veja o comentário critico do fundador da sua UGT, o Torres Couto. Faça um gesto de contrição e reconheça que traiu os trabalhadores portugueses ( os sindicalizados, na UGT, na CGTP e os não filiados). Aliás nas suas próprias palavras" foi um mau acordo, mas melhor do que a Troika queria"! Se não estava à altura de aguentar a pressão negocial, não era obrigado a assinar o acordo.No país existe um "Código de Trabalho", que foi revisto há pouco tempo e está em vigor. Em ultimo caso, deixava que os trabalhadores, em contestação social, nas ruas, tomassem rédeas aos seus destinos. Mas preferiu compartilhar, num aperto de mão, com o Primeiro Ministro que disse em relação ao acordo:" Acordo histórico sem precedentes... não ficamos presos à letra, do memorando da Troika... fomos mais ambiciosos, audazes, inovadores... mostramos que estamos unidos e superamos, criando consensos... agradecemos tb ao Presidente Cavaco Silva, que nos bastidores, trabalhou para que este acordo fosse possível". Nem no tempo da ditadura, se viu tão grande desregulamentação e desequilíbrio laboral! O país não precisa de mais desregulamentação laboral e mais desemprego! O país precisa é de investimento na economia, apoio ao crédito das PME,criação de empregos,... ouçam o Ministro da Economia, "internacionalização dos pasteis de natas" !!
Com um dirigente sindical como este, não precisamos de ter o governo, nem a Troika, como inimigos. Vejamos o que o futuro reserva ao Eng. João Proença! Cabe no presente, aos trabalhadores, lutar, reivindicar e contrariar de todas as formas que o actual acordo, chegue a Projecto-Lei.Resistir... sempre!
Um abraço, solidário,
JB
De Palhaçada a 20 de Janeiro de 2012
É o que isto é ninguém fala nada de jeito começando por quem escreveu o texto todos se escondem atrás de símbolos de esquerda ou de direita fod ..se essa porcaria toda eu não sei é porquê os países do norte da Europa são os que têm menos desemprego e o nível de vida melhor do mundo estão a brincar ou quê e nem sequer se houve falar deles nas agencias de rating deve ser porque andam a brincar á economia e têm gente sem um pingo de honestidade nos seus governos sabem porquê porque lá os políticos são pessoas realmente com cultura e com visão e que realmente se preocupam com o bem do seu povo enquanto estes daqui é só por pró bolso e isto acontece há pelo menos 30 anos e ninguém nunca fez nada agora que a coisa apertou é vê-los todos a ladrar mas não dizem nada nem mexem no que realmente deviam mexer pêlo contrario mexeram como sempre no mais fácil na parte mais fraca mas como todos sabem isso não vai dar em nada é só mais uns trocos para o bolso de alguns e nós sabemos que são sempre os mesmos políticos e empresários) e escória adjacente acordem o problema deste país é só um a falta de carácter e cultura das classes politicas e empresarial, têm muito que aprênder.
E quando diz que não vale a pena sair para a rua está enganado porque ainda é o único meio que resta aos mais atingidos de se fazerem ouvir ou também lhes querem tirar isso, já agora.
De Dionísio a 20 de Janeiro de 2012
Isto é um ninho de comentadores de "esquerda"....uau
De
Tó Zé a 21 de Janeiro de 2012
Sabe, também comento em blogs de direita, como a pegada, mas lá, sou apelidado de "comunista burro" e "ladrão" e "ditador".
Pelo menos, a esquerda tem a boa educação de não lhe chamar isso, pelo menos diretamente.
De EL LOCO a 21 de Janeiro de 2012
NAO DIGA TOLICES...HÁ ALGUEM MAIS REVOLTADOS QUE OS ESQUERDITAS ?
E PIOR, ELES SABEM TUDO, ELES SABEM TUDO E ESTRAGAM TUDO....
De Herois do mal a 21 de Janeiro de 2012
Ó Dionisio, vai merda pá1 !!!!!!!
De Dionísio a 21 de Janeiro de 2012
O seu comentário ordinário veio contradizer o comentário anterior em que se diz que as pessoas de esqurda são bem educadas. A não ser que o sr. seja de "direita"???? Problema seu.
De Herois do mal a 21 de Janeiro de 2012
Eu estou cagando para a esquerda, e para a direita, ordinário é a tua tia PÁ!!!!!!!!
De Anónimo a 20 de Janeiro de 2012
Diga-se o que se disser, interprete-se o Acordo Concertação Social da forma que se quizer existem três coisas que são indesmentiveis.
O acordo é selvagem é foi assinado pelos corruptos que nos governam com apoio de algumas moletas, que lhe vivem à sombra.
O acordo é selvagem por não definir uma coisa basica que os corruptos retiram do decreto marcelista 49408 e que dá pelo nome de semana de trabalho e esses mesmos corruptos não a definiram no codigo trabalho nem neste acordo agora assinado.
O acordo é selvagem por não definir o trabalho em regime de escala. Eu trabalhei toda a minha vida em regime de escala e não existe legislação que a suporte.
Esclareço que trabalhar em regime de escala não é o mesmo que trabalhar em regime de turnos.
O acordo é assinado por corruptos que nunca trabalharam por falta destas duas definições, 10 dias seguidos, com o argumento patronal que 5 dias pertencem a uma semana e os outros 5 dias pertencem a outra semana.
De Carlos Vicente a 21 de Janeiro de 2012
Não resisto a comentar a sua afirmação. Trabalho por sistema 10 dias consecutivos, descansando 3, o que como vê faz variar a folga, vou nos 60 anos e não morri por isso, nem julgo o patrão um bandido, Afinal qual é o seu problema ?, talvez fosse preferível receber um subsidiozinho e ficar a dormir e beber uns copos. Ou trabalhamos ou o barco vai ao fundo.
De s o s a 20 de Janeiro de 2012
o comentario é cinco estrelas. Só não é equivoco, porque defende uma opção. Ainda assim, a ter de optar entre negociar e não negociar, prefiro nao negociar. Existem tambem mil maneiras de acrescentar razões á opçao de não negociar. Condenado á morte, posso negociar entre ser fuzilado ou largado no meio do mar ? Ou seja, a grande pergunta não é essa que aqui lemos. A grande pergunta é esta: tal qual como acontece com as privatizações ás pinguinhas, porque não se desregula logo totalmente ? A grande maioria, dizes, suportava. Ou, uma novidade que deixo aqui: como não podemos voltar as feiras de mão de obra, como vemos nos filmes do outro seculo, e para sermos modernos, alargavamos o sistema vigente no futebol, mas exclusivamente e unicamente uma só vez: um periodo para os patrões despedirem livremente. Mas atenção, negociava: a partir daí obrigava os patrões a cumprir as leis e com os impostos. Disse obrigava, pois faria com que o crime não compensasse.
De Agostinho Cabral a 21 de Janeiro de 2012
Não restam duvidas, a esquerda está interessada no desastre e no fracasso de todas as politicas que a não conduza ao poder, nem que para isso tenham os trabalhadores que chegar a plena miséria. desde que daí renasça a esperança da sua ditadura de dirigentes.
De
Tó Zé a 21 de Janeiro de 2012
A esquerda só mostra com esta decisão que não concorda com o que foi decidido e como tal não assina o documento.
Na verdade, como comunista que sou, pergunto-me se será melhor uma economia de pleno emprego como a da União Soviética ou uma economia de morrer à fome como a de Portugal ou a da Rússia Czarista.
Ainda se podia dizer que a esquerda está a provocar tumultos, mas está simplesmente a não compactuar com a direita, deixando-os destruir-nos, ficando a assistir a dizer que não concorda, mas, se assinassem o acordo, apenas diziam que concordavam.
Sabe, os regimes de extrema esquerda não chegam lá sozinhos, geralmente a direita é que não sabe governar, veja-se Lenine, Fidel Castro, Mao-tsé-tung, Robespierre, entre outros.
De EL LOCO a 21 de Janeiro de 2012
PLENO EMPREGO NA UNIAO SOVIETICA ????
OU PLENA MISERIA?????????????
AINDA HA FANATICOS E MENTIROSO NESTE PAIS E DEPOIS A CULPADA É A DIREITA OU OS QUE NAO SAO DE ESQUERDA....
AI, MADRINHA,....
De Tás maluco a 21 de Janeiro de 2012
Ó EL LOUCO, DEVIAS DE ESTAR A TOMAR A MEDICAÇÃO, E DEIXARES DE DIZER TANTA ASNEIRA, OU PENSAS QUE ÉS DONO DA RAZÃO.
VAI PARA O JÚLIO, VAI!!!!!!!!!!!!!!
De EL LOCO a 22 de Janeiro de 2012
OH "TAS MALUCO":
TU NAO PODES MEMO SAIR A RUA.
NA SE CHAMA LOUCO A UM "LOCO". ES DIFERENTE, HOMBRE.
Y NO ME IMPORTO DE PASAR UNOS DIAS EN JULIO. UN AUSPICIO QUE TE HARIUA MUY BIEN, SEGURO.
Y A LOS DE ESQUIERDA, QUE:
UMA VEZ CURADOS PODERIAM SALIR PELO CENTRO DO MEIO
CHIAO, Y NO DIGAS MAS TONTERIAS.
TU TRANQUILO...
De Anónimo a 21 de Janeiro de 2012
«John Pierpont Morgan (1837-1913) foi um grande banqueiro americano, numa época de capitalismo selvagem. /.../ Este clássico capitalista entendia que a remuneração do executivo máximo de uma empresa não deveria exceder 20 vezes o salário mais baixo pago nessa empresa./.../Há 10 anos os administradores das 100 maiores empresas britânicas ganhavam 47 vezes mais do que o salário médio (não o mais baixo) dos seus trabalhadores. Em 2010 recebiam 120 vezes esse salário médio. Nos Estados Unidos, em 2008, os gestores máximos ganharam 318 vezes o salário médio (não o mais baixo) das suas empresas. »
Francisco Sarsfield Cabral - SOL 9 de Setembro 2011.
De Anónimo a 21 de Janeiro de 2012
Taxa de desigualdade de rendimentos na OCDE
1. Chile
2. Mexico
3. Turkey
4. United States
5. Israel
6. Portugal
7. United Kingdom
8. Italy
9. Australia
10. New Zealand
De Anónimo a 21 de Janeiro de 2012
Há uns anos (creio que em 2008/9) leio na PRIMEIRA pág. de um diário, como título principal - « Atraso português deve-se a baixas qualificações dos trabalhadores.» Poucos dias depois num semanário económico ( ou num destacável sobre economia - não lembro exactamente) leio nas pág. INTERIORES numa caixinha pequenina que estudo de organismo estrangeiro que não lembro, conclui que o atraso português se deve à pouca qualidade das elites económicas portuguesas.
De Anónimo a 21 de Janeiro de 2012
Li algures - trabalhadores do sector textil paquistanês em greve por melhores salários. Salário médio destes trabalhadores - DEZOITO euros. Só não lembro se diários se semanais. Ou será que é mensal?
Será a sua proposta pragmatismo ou conformismo?
Comentar post